sexta-feira, 9 de outubro de 2009

SONHEI COM UM LOUCO

Neudes de Lucena





Sonhei
um louco com
Caminhando da noite dentro.
Uma noite diferente,
Havia luzes,
enfeites havia.
Havia alegria.
Alegria
Coletiva
Pura,
Cínica,
chocante,
Mas havia,
Em todos os semblantes,
menos não do insensato,
que chorava,
Gritando palavras desconexas
contra a multidão,
como se esta fosse a culpada
Haver de amargura em seu coração.


2


Uma multidão prosseguia
indiferente,
abafando como Blasfêmias do demente,
com seus cânticos de paz,
Fogos de artifícios
e com os gritos felizes
das crianças
soltando balões de gás.


3


De repente
Tudo se Transformou.
A pós-se uma multidão chorar
E o louco a sorrir.
Era a morte do sonho.
Era uma esperança
um morrer com a noite.
Era uma realidade dura
de um novo dia a surgir.


4


Os Cântico de paz
transformados em prantos
de sangue a correr pelo chão.
Os fogos de artifícios
em bombas de guerra.
O riso alegre das Crianças
em tristes lamentos de
Inocentes pedindo pão.
As mensagens de amor,
de Paz
Para os homens de boa vontade
na terra,
em tristes notícias
de crimes,
revoluções,
inflação,
Fome,
Dor,
luto,
Ódio,
Guerra.


5


O louco
sorriu, cínico,
Mas sorriu.


Então,
Acordei
com uma sensação
de que o eu era louco.


Natal, 1970

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